quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sem Eduardo Campos eleição vira reprise de 2010

Por Carlos A.B. Balladas

Eduardo Campos era uma pessoa que conquistava a todos em poucos minutos de convivência. Tive esta experiência ao coordenar a primeira entrevista coletiva que ele concedeu no estado de São Paulo como candidato à Presidência, ocorrida na cidade de Osasco em 30 de maio último. Mesmo aqueles não afinados com suas propostas e posicionamento ideológico tinham por ele respeito e confiança, pois a sinceridade e transparência eram algumas de suas marcas de conduta. A sua ausência precoce deixa um vácuo no ambiente politico brasileiro, ainda sem um nome com capacidade de preenchê-lo com o mesmo brilhantismo.

Eduardo Campos, ladeado por Roberto Freire e Márcio França, em sua primeira coletiva
promovida pela associação de Jornais do Interior do Estado de São Paulo (Adjori-SP)

De imediato, a morte de Eduardo Campos nos leva a tentar antever o novo quadro da corrida eleitoral, de influência direta na vida de todos que vivem no Brasil e também de repercussão externa, já que o Brasil desponta como um protagonista cada dia mais importante no cenário internacional.

Marina Silva é o nome que deve ascender naturalmente à cabeça da chapa do PSB, causando, certamente, uma chacoalhada o tabuleiro das eleições. Com um posicionamento mais à esquerda de Campos, Marina deve enfrentar resistências de toda ordem, a começar no próprio PSB, no qual ela ainda é um corpo estranho. Os socialistas, por outro lado, não têm opção alguma que supra com o mesmo estofo a falta de Campos. Será Marina, com certeza, a candidata, mas o empenho na campanha daqueles que desfraldavam a bandeira socialista não será o mesmo.

Aqui em São Paulo, Alckmin, que tem um socialista como vice – Márcio França –, dificilmente subirá no mesmo palanque ocupado por Marina, o que a enfraquece no maior colégio eleitoral do País.

É certo que Aécio seja o maior prejudicado, pois será a segunda disputa de Marina para o mesmo cargo. Em 2010 ela, numa estrutura menor e menos conhecida, teve seu nome sufragado por mais de 19 milhões de eleitores. Não será surpresa se Marina ocupar o segundo lugar nas próximas pesquisas, já iniciadas por alguns institutos.

Marina terá, entretanto, que superar alguns obstáculos. A rejeição do setor de agronegócio, que somado a da Igreja Católica, por ser evangélica, lhe tira importantes frentes de atuação. Apesar de contar com a simpatia de setores da área financeira, Marina não deve contar com menor entusiasmo dos tradicionais doadores de campanhas eleitorais, que já com Campos não era um dos maiores.

Há uma certeza: Marina passa a ser a mais cotada para ocupar o lugar de Aécio Neves num eventual, e praticamente certo, segundo turno. Portanto, a tarefa dos tucanos deve combater prioritariamente a candidatura socialista, para, depois, e pensar em Dilma somente depois de cinco de outubro, ao serem exitosos na primeira batalha.

O frescor da presença de Eduardo Campos nestas eleições se foi. Veremos, a partir de agora, uma reprise de 2010, o que não é bom para o ambiente político e para o Brasil.

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